Arquiteta dá dicas sobre como iniciar os projetos de decoração de condomínios e porque é tão importante ter um profissional especializado acompanhando o processo.
Por Roberta Civitarese
As áreas comuns dos condomínios são como uma extensão das nossas casas ou apartamentos. Sendo assim, o que se deve levar em conta ao projetar a decoração desses ambientes? Antes de tudo, é preciso lembrar que os locais são compartilhados por todos os moradores e quem usufrui do espaço precisa se sentir bem nele.
Porém não é fácil agradar a todos… Receber a assessoria de um profissional especializado nesse momento da decoração do condomínio é mais do que recomendado!
Se o corpo diretivo, que são os representantes dos moradores, não tiver um arquiteto já determinado, o ideal é entrar em contato com diferentes profissionais e agendar visitas. Conversando com cada um deles é possível ter uma visão melhor de qual se encaixa mais no perfil do condomínio, seja pelo estilo de trabalho, seja pela negociação.
Depois de decidido o arquiteto, a realização do projeto deverá levar em conta as necessidades e desejos do público para o qual ele será direcionado. Uma questão de grande importância é manter a decoração do condomínio dentro das normas técnicas, como a de Acessibilidade (NBR9050) e a de Desempenho (NBR 15575). Essa é também uma função do profissional de arquitetura e mais um motivo para ter alguém especializado cuidando do projeto.
Se você está à procura de orientações para a decoração de seu condomínio, fique atento às dicas que a arquiteta Isadora Ferreira separou para a nossa reportagem. Isadora é uma das sócias do escritório Panapanã Estúdio de Projetos, em São Paulo, com bastante experiência em trabalhos como esses. Desde o início do desenvolvimento das propostas até a implantação, a Isadora separa 4 etapas:
1ª Etapa: Definição conceitual (estudo preliminar)
De modo geral, o processo tem seu início com um programa de necessidades, que é o briefing do projeto, e com a elaboração do cronograma que servirá de base. São também iniciadas as pesquisas para a determinação de viabilidade da obra. Nesta fase é emitido o Estudo Preliminar, composto pelas primeiras plantas e imagens conceituais do projeto para aprovação.
2ª Etapa: Definição de custos (anteprojeto)
Consiste no desenvolvimento da proposta aprovada no Estudo Preliminar. Neste momento são definidos todos os acabamentos e revestimentos e iniciam-se os desenhos técnicos. Também começa a ser possível quantificar os materiais e serviços necessários à execução do projeto e consequentemente a estimativa dos valores e prazos idealizados.
3ª Etapa: Detalhamentos (projeto executivo)
É a solução definitiva do Anteprojeto, representada em plantas, cortes e/ou elevações, além das especificações, memoriais de acabamentos e todas as particularidades que envolvem a obra. Nesta fase, os desenhos produzidos no Anteprojeto são detalhados para permitir a perfeita execução dos trabalhos.
4ª Etapa: Obra e implantação
Enfim, chegamos ao que interessa: obra e implantação. Mas não se engane, todo o planejamento anterior é fundamental para uma execução produtiva, sem retrabalhos e desperdícios de tempo e dinheiro. Nesse ponto é feita a emissão do Projeto Executivo e Registro de Responsabilidade Técnica — RRT. Logo após, realizada a negociação, vem o suporte e fechamento de compras, além das contratações de fornecedores e equipe de execução. Também é montado um novo cronograma, desta vez físico-financeiro, com previsão de andamento e valores despendidos na obra, período a período, até sua conclusão.
A obra é visitada pelo profissional de arquitetura periodicamente para acompanhar o andamento e o acabamento dos serviços. É mantida uma orientação constante da equipe de execução para garantir o fiel cumprimento do Projeto Executivo.
Após a finalização de todos os serviços e a limpeza fina da obra, são recebidos os equipamentos, mobílias etc para a produção final e entrega dos ambientes.
Orçamento x Qualidade x Tempo
Uma das grandes dificuldades em qualquer prestação de serviço é unir o orçamento disponível com a qualidade e o tempo esperados.
A nossa arquiteta convidada preparou um gráfico que dá a noção do que se pode esperar, de um modo geral, da união desses três itens:

Entendendo melhor a importância das normas de segurança para a criação de projetos na decoração de condomínio
Isadora Ferreira explica que as normas técnicas têm participação fundamental para a especificação dos materiais que serão usados nos projetos. A NBR 15575, aprovada em 2013, por exemplo, que trata do Desempenho, exige a obtenção de muitas informações específicas — como coeficiente de inflamabilidade, de atrito etc.
Esses dados demandam muitos ensaios dos fabricantes e fornecedores e quando as informações não estão disponíveis acabam inviabilizando a determinação do material adequado à norma técnica.
Necessidades adequadas ao orçamento
Em casos de orçamentos mais elásticos, a sugestão é investir em materiais com maior qualidade e resistência, design assinado e acabamento – itens que na maioria das vezes estão atrelados.
É bacana também manter a funcionalidade dos objetos escolhidos.
Se há determinado elemento no projeto é porque existe uma ou mais funções atribuídas a ele.
Caso a verba seja reduzida, a dica da Isadora é não se prender ao tradicional. Quanto mais abertos a ideias inusitadas, materiais inesperados e aplicações diferentes, melhor será o resultado.